Agosto Dourado: De mãe para mãe - Mitos e verdades sobre a amamentação

Meu nome é Natália Alberto Alves Brandão Marques, sou Biomédica, servidora da Universidade Federal de Goiás (UFG) e, atualmente, coordenado as atividades relacionadas à integração ensino-serviço do estágio comunitário interprofissional (ECI) do Campus Firminópolis da UFG. No último dia 25 tive o prazer de conduzir uma roda de conversa com gestantes e mães que amamentam, num evento organizado pelo município de Aurilândia-GO, vizinho à São Luís de Montes Belos, distante apenas 31 Km do Campus Firminópolis.

Narro aqui minha participação no evento, em primeira pessoa, exatamente como foi a proposta do evento, dividir com as mulheres presentes, minha experiência pessoal de 26 meses de amamentação. Não tenho certificados e títulos que me tornem especialista no assunto, mas nos últimos anos, com a chegada da maternidade à minha vida, me dediquei muito a estudar o tema e pude viver na pele alguns dos desafios que envolvem o aleitamento materno. 

Slides produzidos para a Roda de conversa "De mãe para mãe - mitos e verdades sobre a amamentação" e disponibilizados por Natália Marques.

Agosto é o mês dedicado ao incentivo, promoção e proteção ao aleitamento materno e o convite à UFG partiu da Regional de Saúde Oeste II, com a demanda por um palestrante que pudesse falar com as gestantes e mães do município vizinho. Conversando com a coordenadora de atenção básica de Aurilândia, Ana Lara Soares, sugeri uma roda de conversa, mais informal, com um enfoque no "empoderamento" das mulheres que querem amamentar, desmistificando as falas  que atrapalham  a prática e trazendo as verdades que auxiliam. Falei sobre a minha experiência no tema e, fui convidada a conduzir essa conversa. Me acompanharam no evento duas estagiárias da UFG, Arietha Agata Vieira Alves (acadêmica do último ano de enfermagem com experiência como consultora em amamentação) e Ana Bheatriz Souza Oliveira (acadêmica do último ano de Odontologia), aptas a esclarecer dúvidas e fortalecer o discurso de estímulo ao aleitamento materno. 

O evento realizado no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) de Aurilândia, foi iniciado com a apresentação dos envolvidos na organização do "Agosto Dourado" e promoção do curso de gestantes, seguido por um café da manhã especial. Cerca de vinte gestantes e mães com filhos até três anos de idade participaram da roda de conversa. Inicialmente todas foram convidadas a se apresentarem, dizerem qual sua experiência com amamentação e maternidade e escolherem uma palavra que se relacionasse com amamentação. A maioria das palavras ditas envolviam saúde, amor e dedicação. Na minha concepção, tudo isso está envolvido no processo, mas minha palavra foi DESAFIO.

Entendo que amamentação é resistência. Nossa cultura nos envia múltiplas mensagens de que não conseguiremos amamentar, de que não somos capazes ou suficientes para nutrir nossos filhos, como se isso não fosse natural. Fomos feitas, biologicamente, para esse fim e é essencial que não duvidemos da nossa capacidade e nos preparemos para essa etapa com CONHECIMENTO. É importante que acolhamos nossos medos, inseguranças, tristezas e frustrações, mas que foquemos no bem maior e no nosso objetivo como mães. Precisamos nos cercar de uma rede de apoio que nos faça sentir úteis e capazes e que nos cuide e apoie no restante das atividades que podem ser feitas por outros. NÓS, mães, somos as únicas que podemos amamentar nossos filhos. 

Em seguida levantei diversas questões, as participantes diziam se acreditavam ser mito ou verdade e as dúvidas eram discutidas e esclarecidas. Alguns dos mitos apresentados foram: "A mama precisa de preparo para a amamentação", "A amamentação é instintiva para a mulher", "O bebê só precisa de leite materno até os seis meses de vida", "A mãe não pode amamentar deitada", "O bebê deve mamar a cada três horas", "Mulher que amamenta não engravida", "Preciso desmamar para voltar ao trabalho". Os tópicos discutidos foram desde a importância e benefícios do aleitamento materno para o bebê e para a mãe, passando por preparo na gestação, alimentação da mulher,  até estética, sexualidade, retorno ao trabalho, ordenha, rede de apoio, entre outros. A acadêmica de odontologia, Ana Bheatriz, reforçou a importância do aleitamento materno do ponto de vista odontológico e os hábitos que favorecem o desmame precoce como o uso de bicos artificiais. A acadêmica de enfermagem, Arietha, ensinou uma manobra para auxiliar no esvaziamento da mama para facilitar a "pega" do bebê, e desmistificou a frase "a mama precisa estar cheia para amamentar" com uma dinâmica utilizando balões cheio e murcho. As gestantes se mostraram muito curiosas, interessadas e participativas. Ao final conduzi uma prática de meditação para exercitar a compaixão e conexão consigo e com os outros, regulando emoções e estimulando emoções positivas nas mulheres presentes. Fomos todas presenteadas com canecas com a temática do evento e bombons e e tivemos um momento de registro com todas as presentes.

A experiência toda foi muito especial. Dividir parte da minha experiência em amamentação com essas mulheres teve um significado de continuidade e multiplicação para mim. Tenho muito orgulho da minha jornada na amamentação e desejo a essas mulheres o mesmo. Nada melhor que um lugar seguro, com mulheres empenhadas no mesmo objetivo. Participaram cerca de vinte mulheres, com gestantes de 10 semanas até mulheres amamentando crianças de 3 anos. E ali pude apreciá-las ser alimento físico e emocional para seus filhos, desde  a barriga, passando pelo colo nos primeiros dias e meses de vida, até os primeiros passos e palavras. E diante de tanto amor, assumindo os desafios e resistência que o tema exige, ao final pude apresentar às mães presentes o "mantra" que adotei durante minha experiência na amamentação: "Todos os dias eu pensei em desistir. Todos os dias eu decidi continuar." 

Agradeço à Regional de Saúde Oeste II e ao município de Aurilândia, com todos os envolvidos na organização do evento, pela parceria e confiança na UFG. Em nome do Campus Firminópolis, nos coloco a disposição para contribuir com a promoção e multiplicação da saúde em outras oportunidades. Fortalecer a relação ensino-serviço-comunidade é um dos objetivos do nosso trabalho.

Video produzido e disponibilizado pela Secretaria de saúde de Aurilândia-GO sobre o evento "Agosto Dourado", realizado no CRAS do município no dia 25 de agosto de 2022.